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sexta-feira, 8 de outubro de 2010

CHE - 8 de Outubro

A postagem abaixo foi pescada do excelente blog Alter-Latina e é uma homenagem ao companheiro Comandante Che Guevara, pela passagem dos 43 anos de sua morte, ou não.

Neste sábado também faremos uma singela homenagem ao Che, inclusive com uma exposição de fotos feita pelo Marcelo Curia.



Marcelo Curia – La Higuera – Bolívia – 2003

Entre hoje e amanhã se recordam os 43 anos da morte de Che Guevara, na Bolívia. Duas datas de morte? Pode até parecer estranho, mas a confusão não foi acidental, e pros que não conhecem a história, aqui vão os fatos: no dia 08 de outubro de 1967 o Che foi capturado após um combate com os militares bolivianos num vale chamado Quebrada del Churo (também conhecido como Yuro em muitos dos livros que circulam por aqui) e logo levado prisioneiro para um pequeno povoado chamado La Higuera onde, no dia seguinte, foi executado a sangue-frio por um dos soldados do exército, a mando dos altos escalões em La Paz. Os militares bolivianos quiseram, a princípio, fazer circular a versão de que Guevara havia sido morto em combate, mas acabaram desmentidos porque, quando houve a apresentação do corpo à imprensa, já na cidade de Vallegrande, um jovem médico chamado Reginaldo Ustariz, que fotografava os acontecimentos para jornais de Cochabamba, percebeu que o cadáver não apresentava o rigor mortis, o que indicava que a morte havia morrido a poucas horas.

Assim, ainda que muitos movimentos políticos e revolucionários tenham adotado o nome 8 de Outubro (MR-8, por exemplo) como uma homenagem ao Che, o fato é que essa data (hoje) recorda o último combate do guerrilheiro, e sua morte aconteceu, efetivamente, no dia 09 de outubro.

Em 2003 eu e o Curia percorremos a região boliviana por onde passou a guerrilha entre fins de 1966 e o fatídico outubro do ano seguinte. Pra quem, como nós, já tem alguns quilômetros de rodagem por estas terras morenas, é meio difícil dizer que alguma entre tantas viagens – não muitas, mas algumas viagens – tenha sido melhor ou mais marcante que as outras. Mas o fato é que ter conhecido aquela parte isolada, quase perdida, da Bolívia teve sua marca especial, e é inevitável lembrá-la com carinho.

Talvez alguém que leia estas linhas possa pensar: “claro, os dois são guevaristas, e se emocionaram ao conhecer os lugares que marcaram a vida do Che!”. Mas isso seria uma explicação simplista. Obviamente que conhecer os lugares que já conhecíamos antes pelos livros – que nunca traziam fotos de lá, mas apenas relatos dos fatos – foi importante. Mas, mais do que isso, ver a mesma Bolívia que o Che viu foi o que nos marcou mais profundamente. Uma Bolívia que não deve ter mudado muito nesses 43 anos: pobre, isolada, carente de recursos, estrutura, esperanças. E percorrer a região da forma mais autêntica possível – viajando em caminhão, bagageiro de pick-ups, carros sem vidros em estradas poeirentas (e com um cachorro – o saudoso Al Capone, vulgo Alca – entre os passageiros!), caminhando à espera de caronas, compartilhando com os camponeses a comida, sua bebida, dançando, cantando, ensinando capoeira (a mais tosca que você puder imaginar, saudada entusiasmadamente pelos nossos amigos como “dança brasileira, dança brasileira!”), enfim … tudo isso nos aproximou daquelas gentes de uma forma que nenhuma outra viagem teria permitido.

Pra alguns, recordar a data da morte do Che é coisa de quem vive atrelado ao passado. Pra nós do Alter-Latina também é passado porque, acima de qualquer outra coisa, nos lembramos dessa viagem que – acho que falo pelos dois – marcou pra sempre nossas vidas, mas que, acima de tudo, marcou a nossa visão pro futuro.

As postagens que virão a partir daqui serão pra compartilhar um pouco do que vimos e vivemos lá. Serão também nossa homenagem ao guerrilheiro heróico, personagem que ainda estimula anseios de transformação por onde passa.

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