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quarta-feira, 7 de setembro de 2011

A ARTE É AMEAÇADA NA COLÔMBIA

“Que tempos são esses, quando
falar sobre flores é quase um crime.
Pois significa silenciar sobre tanta injustiça?
Aquele que cruza tranqüilamente a rua
já está então inacessível aos amigos
que se encontram necessitados?”

Antologia Poética - Bertolt Brecht



Doze organizações de Teatro da cidade de Bogotá, capital da Colômbia, foram ameaçadas pelas “Águilas Negras” que é um dos novos nomes que tomaram em 2006 as estruturas paramilitares (mercenários criados pelo Estado colombiano e financiados pelo narcotráfico), após a suposta desmobilização que fizeram em troca de penas baixas de prisão (menos de 5 anos) por delitos contra a humanidade.


As ameaças foram feitas no dia 23 de agosto contra as organizações de teatro que trabalham com a prefeitura de Bogotá (Polo Democrático Alternativo), realizando atividades de promoção cultural e capacitação artísticas com crianças e jovens nas favelas de Bosa, Kennedy, Tunjuelito e Ciudad Bolivar.


Nas ameaças feitas por méio de panfletos assinados pelo “Bloque Capital de las Águilas Negras” afirmam que as organizações artísticas são objetivo militar pois: “desenvolvem atividades a favor dos direitos humanos”. E deram oito dias, até 31 de agosto de 2011, para as pessoas que integram as organizações artísticas abandonarem a cidade.


No mesmo documento afirmam “hoje iniciamos à limpeza de todas as sujas organizações que se interpõem em nossos passos, (...) às organizações que querem se mostrar defensoras de direitos humanos por méio de expressões artísticas e que se opõem às políticas de nosso governo”. Fazendo alusão ao governo do presidente Juan Manuel Santos.


Num comunicado público a Defensoria del Pueblo, que é uma entidade do governo, rechaça as ameaças contra as organizações artísticas e reconhece que na cidade de Bogotá estão acontecendo ameaças de forma sistemática contra as organizações sociais, contra ONGs e organizações de direitos humanos[1]. Já no mês de junho as organizações de direitos humanos, indígenas e afro-descendentes que negociavam garantias para o desenvolvimento de suas atividades denunciaram essa grave situação quando romperam as negociações que adiantavam com o governo de Juan Manuel Santos pela falta de garantias[2]. Até o mês de junho havia mais de 100 ameaças contra pessoas defensoras de direitos humanos e já se contavam mais de 20 assassinatos.


As doze organizações de teatro ameaçadas são: Teatrama, Teatro del Sur, Disidencia Teatro, Reciclarte, Teatropical, Piedra Papel y Tijera, Bogotá Dual, Fundación el Contrabajo, Teatrazos, Ciclo Vital, Summum Draco, e Odeón. Elas rechaçaram as ameaças em um escrito elaborado em conjunto:


“Perante agressão infame, desmemoriada e cega dos perseguidores, abrimos humanamente o expediente da vida que se olha somente com olhos de nosso coração e propomos reorientar através dos vôos da imaginação criadora e da prática do amor pela vida o vôo das desorientadas 'Águilas Negras'.”
(...)
“Enquanto a lógica da violência que anda pelo campo e a cidade, e que se veste de todas as vestimentas, que declara objetivo militar até as estrelas do firmamento nós seguiremos caminhando no ventre da esperança e tecendo nossa busca de ser e sentido por meio da Arte. (...) Feliz e agridoce vida...Com mais sonhos que sonho...[3]”


Agenda Colômbia
A solidariedade é dos povos!

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