Hoje, 16 de setembro de 2010, fazem 37 anos da morte (assassinato) de Victor Jara. Prestamos aqui uma singela homenagem a este que foi um dos maiores lutadores latinoamericanos de nossa história.
Abaixo:
- fragmento de vídeo projetado dia 11 de setembro no Comitê latino Americano;
- Vídeo com homenagem de Mercedes Sosa a Victor Jara (1980).
- Breve histórico da vida de Victor Jara
Víctor Jara nasceu em 28 de setembro de 1932, na localidade de Lonquén , perto da cidade de Santiago. Era filho dos camponeses pobres Manuel Jara e Amanda Martínez. Além de Víctor tinham outros quatro filhos: María, Georgina, Eduardo e Roberto - como camponês no imóvel da família Ruiz-Tagle. Manuel abandonou a família quando Víctor ainda era criança. Amanda criou Víctor e seus irmãos sozinha, insistindo que todos eles deveriam ir para a escola. Ao contrário de Manuel, Amanda - uma mestiza com raízes mapuche, orginária do sul do país - não era analfabeta. Uma autodidata, tocava violão e piano, tendo sido cantora de canções folclóricas em casamentos e funerais de sua cidade natal.
Em consequência de um grave acidente no lar sofrido pela irmã de Víctor, María, a família vai morar para a capital do país, Santiago, à procura de melhores condições económicas. Víctor, juntamente com o irmão Lalo, ingressa no Liceu Ruíz-Table, onde ambos destacam pelos seus bons resultados académicos, até acabarem nele os estudos primários.
O duro trabalho da mãe conseguiu algum progresso económico para a família, mas obrigou-a a dedicar pouco tempo aos filhos. A viola de Amanda serviu a Víctor para a sua aproximação da música, com ajuda do seu amigo Omar Pulgar.
A mudança para o bairro de Chicago Chico dá ao jovem Víctor a possibilidade de ter relacionamento com outros jovens da mesma origem e condição. Cantam, escutam música clássica, saem de excursão, jogam futebol e formam um coro. Os estudos religiosos fazem parte da formação dele nesse tempo.
Com a morte de sua mãe, Mudaram-se para Población Nogales, onde voltou a encontrar Julio e Humberto Morgado, colega da escola primária. A família Morgado proporcionou a Víctor comida e cama. Víctor deixou os estudos para trabalhar numa fábrica de móveis e ajudava Pedro Morgado, pai dos seus colegas, no trabalho de transportista.
Por conselho do padre Rodríguez, ingressa no seminário e na Congregação dos Redentoristas, em San Bernardo. Víctor, mais tarde, assim lembraria esse momento:
"Para mim foi uma decisão muito importante entrar para o seminário. Quando o penso agora, da perspectiva mais dura, acho que fiz aquilo por razões íntimas e emocionais, pela solidão e o desespero de um mundo que até esse momento tinha sido sólido e perdurável, simbolizado por um lar e o amor da minha mãe. Eu já estava envolvido com a Igreja, e naquela altura procurei refúgio nela. Então pensava que esse refúgio iria guiar-me até outros valores e ajudar-me a encontrar um amor diferente e mais profundo, que porventura compensasse a ausência do amor humano. Julgava que talvez achasse esse amor na religião, dedicando-me ao sacerdócio."
Dois anos mais tarde, em 1952, abandonaria o seminário, ao dar pela sua falta de vocação, mas lembraria positivamente o canto gregoriano e a parte da interpretação litúrgica. A saída do seminário coincide com a ida para a tropa.
Aos 21 anos, entra no coro da Universidade do Chile, participando na montagem de Carmina Burana e começando assim o seu trabalho de pesquisa e compilação folclórica. Três anos mais tarde, faz parte da companhia de teatro "Compañía de Mimos de Noisvander", e começa a estudar actuação e direcção na Escola Teatro da Universidade do Chile.
Em 1957, faz parte do grupo de cantos e danças folclóricas Cuncumén, onde conhece Violeta Parra, que o encoraja a continuar na profissão.
Com 27 anos, em 1959 dirige a sua primeira obra de teatro Parecido a la Felicidad de Alejandro Sieveking, encenando-a por vários países latino-americanos. Como solista do grupo folclórico, grava o seu primeiro disco, "Dos Villancicos". No ano a seguir, participa como assistente de direcção na montagem de La Viuda de Apablaza de Germán Luco Cruchaga, cujo director era Pedro de la Barra, e dirige a obra La Mandrágora, de Machiavello.
Em 1961, como director artístico do grupo Cuncumén viaja pela Holanda, França, União Soviética, Checoslováquia, Polónia, Roménia e Bulgária.
Em 1961, compõe a sua primeira canção, Paloma Quiero Contarte, continuando o seu trabalho como assistente de direcção na montagem de La Madre de los Conejos de Alejandro Sieveking. No ano seguinte, 1962, dirige para Ituch a obra Animas de Día Claro também de Sieveking.
Grava com o grupo Cuncumén o LP Folclore Chileno, onde inclui duas conções próprias, Paloma Quiero Contarte e La Canción del Minero. Começa a trabalhar como director na Academia de Folclore da Casa da Cultura de Ñuñoa, função que desempenharia até 1968. Nessa altura, e até 1970, faz parte da equipa estável de directores do Instituto de Teatro da Universidade do Chile, Ituch e entre 1964 e 1967 é professor de actuação na universidade.
O trabalho de direcção teatral ocupa o seu tempo, realizando, quer como assistente de direcção, quer como director, várias montagens, entre elas uma para a TV da Universidade, além de uma tourné pela Argentina, Uruguai e Paraguai com a obra Animas de Día Claro de Alejandro Sieveking. Em 1963, passa a ser assistente de direcção de Atahualpa del Cioppo na montagem de El Círculo de Tiza de Bertolt Brecht, para o Ituch.
Continua a compor música e, em 1965, dirige a obra La Remolienda de Alejandro Sieveking, bem como a montagem de La Maña de Ann Jellicoe, para o Ictus, recebendo por elas o prémio Laurel de Oro como melhor realizador, e o prémio da Crítica do Círculo de Jornalistas à melhor direcção por La Maña.
Exerce com director artístico para o grupo Quilapayún entre os anos 1966 e 1969 e até 1970 é solista em La Peña de los Parra. Continua a cantar e a dirigir obras de teatro e em 1966 grava o seu primeiro LP, Víctor Jara, editado por Arena.
Com a firma EMI-Odeón grava no ano seguinte os LP's Víctor Jara e Canciones Folclóricas de América, junto a Quilapayún.
Continua o trabalho como director teatral e monta novamente La Remolienda, sendo premiado pela Crítica graças à direcção de "Entretenimiento a Mr. Sloane" e consegue o Disco de Prata da discográfica EMI-Odeón.
Em 1969 monta a obra Antígonas de Sófocles para a Companhia da Escola de Teatro da Universidade Católica. Com a canção Plegaria a un labrador ganha o primeiro prémio do Primeiro Festival da Nova Canção Chilena e viaja a Helsínquia para participar num Comício Mundial de Jovens pelo Vietname, gravando ainda nessa altura Pongo en Tus Manos Abiertas.
Em 1970, participa em Berlim na Conversação Internacional de Teatro e em Buenos Aires no Primeiro Congresso de Teatro Latino-Americano. Envolve-se na campanha eleitoral da Unidade Popular e edita o disco Canto Libre.
Nomeado embaixador cultural do Governo da Unidade Popular, em 1971 põe música, junto a Celso Garrido Lecca, ao ballet Los Siete Estados de Patricio Bunster para o Ballet Nacional do Chile. Junto a Violeta Parra e Inti-Illimani, entra no Departamento de Comunicações da Universidade Técnica do Estado. Com a casa Dicap, edita o disco El Derecho de Vivir en Paz, com que leva o prémio Laurel de Oro à melhor composição do ano.
Trabalha como compositor de música para continuidade na Televisão Nacional do Chile desde 1972 até 1973; investiga e compila testemunhos em Hermida de la Victoria, a partir dos quais gravaria La Población. Viaja à URSS e a Cuba e dirige a Homenagem a Pablo Neruda pela obtenção do Prémio Nobel.
Os camponeses de Ranquil convidam-no à realização de uma obra musical sobre o lugar, e dentro seu compromisso social participa nos trabalhos voluntários para impedir a paralisação do país, que as forças reaccionárias querem conseguir mediante a greve de camionistas.
Esse mesmo compromisso leva-o em 1973 a realizar diferentes actos, participando na campanha eleitoral para as eleições e ao parlamento em prol dos candidatos da Unidade Popular. Respondendo ao apelo de Pablo Neruda, participa como director e cantor num ciclo de programas da TV contra a guerra e contra o fascismo. Trabalha ainda em vários discos que não poderá gravar e realiza a gravação de Canto por Travesura.
O golpe de estado do general Augusto Pinochet contra o presidente Salvador Allende, em 11 de setembro de 1973, surpreende Jara na universidade. É detido junto com outros alunos e professores, conduzido ao Estádio Chile , convertido em campo de concentração, e mantido lá durante vários dias. Há alguma controvérsia quanto às torturas que teria sofrido durante os dias de cácere antes de seu assassinato a tiros, no dia 16 de setembro do mesmo ano. O certo é que Jara teve suas mãos cortadas como parte do "castigo" dos militares a seu trabalho de conscientização social aos setores mais desfavorecidos do povo chileno. Jara era membro do Partido Comunista do Chile e, antes de ser preso e assassinado, integrava o Comitê Central das Juventudes Comunistas do Chile. Nos dias de cativeiro prévios à sua execução, Jarra escreveu um poema que pôde ser conservado.
Só em 1990 é que o Estado chileno, através da Comissão da Verdade e a Reconciliação, reconheceu que Víctor Jara foi assassinado a tiros no dia 16 de setembro de 1973 no Estádio Chile e depois teve seu corpo lançado num matagal perto da Estrada Sul. Em seguida a esses acontecimentos, Jara teve seu corpo levado à câmara mortuária, onde foi identificado pela esposa. Seus restos foram enterrados no Cemitério Geral de Santiago do Chile.
Em setembro de 2003, trinta anos após o assassinato de Jara, o Estádio Chile foi rebatizado como Estádio Victor Jara, como uma forma de homenagem ao cantor e sua família.
4 de dezembro de 2009 é uma data para lembrar. Mais de 12.000 pessoas participaram do cortejo fúnebre após 36 anos do assassinato de Victor Jara.
Dentre as principais obras dirigidas por Víctor Jara, acham-se:
* (1959) Parecido a la felicidad, de Alejandro Sieveking.
* (1960) La mandrágora, de Maquiavelo.
* (1962) Animas de día claro, de Alejandro Sieveking.
* (1963) Los Invasores de Egon Wolf; Parecido a la Felicidad, de Alejandro Sieveking; Dúo de Raúl Ruiz.
* (1964) Animas de día claro, de Alejandro Sieveking.
* (1965) La remolienda, de Alejandro Sieveking; La Maña de Ann Jellicoe.
* (1966) La casa vieja, de Abelardo Estorino.
Obras em que assistiu à realiazação:
* (1960) La viuda de Apablaza, de Germán Luco Cruchaga, dirigida por Pedro de la Barra.
* (1961) La madre de los conejos, de Alejandro Sieveking, dirigida por Agustín Siré.
* (1963) El círculo de tiza de Bertolt Brecht, dirigida por Atahualpa del Cioppo.
* (1966) Marat Sade de Peter Weiss, dirigida por William Oliver.
Discografia
Discos de estúdio
* 1967: Víctor Jara
* 1967: Víctor Jara
* 1968: Canciones folclóricas de América
* 1969: Pongo en tus manos abiertas…
* 1970: Canto libre
* 1971: El derecho de vivir en paz
* 1972: La Población
* 1973: Canto por travesura
Discos ao vivo
* 1978: El recital
* 1996: Víctor Jara en México
* 1996: Víctor Jara habla y canta
Edições póstumas
* 1974: Víctor Jara / Manifiesto
* 1975: Víctor Jara. Presente
* 1975: Víctor Jara. Últimas Canciones
* 1979: Víctor Jara
* 1984: An Unfinished Song
* 1992: Todo Víctor Jara
* 1997: Víctor Jara presente. colección "Haciendo Historia"
* 2001: Víctor Jara
* 2001: Pongo en tus manos abiertas
* 2001: El derecho de vivir en paz
* 2001: Víctor Jara habla y canta
* 2001: La Población
* 2001: Canto por travesura
* 2001: Manifiesto
* 2001: Antología musical
* 2001: 1959-1969
Fontes: Site Wikipédia e Site Carta Maior
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